Engravidar com SOP (Síndrome Ovários Poliquísticos)

É verdade, depois de um ano e meio, sensivelmente, a tentar engravidar consegui o meu sonhado positivo. Confesso que não foi um processo fácil, pois quando estava perto de fazer um ano de tentativas já estava a dar em maluca com medo de não conseguir realizar o meu maior sonho. O sonho de ser mãe. Mas vou contar-te um pouco mais sobre a minha história com esta síndrome.

O que é SOP?

A síndrome dos ovários poliquísticos (SOP) é um dos distúrbios endócrinos mais comuns nas mulheres e a causa mais frequente de infertilidade feminina. Segundo a clinica Ivi, “é uma doença que afeta 10-15% das mulheres e em que ocorre um desequilíbrio das hormonas sexuais femininas.”

Não existe uma causa conhecida da SOP. Algumas mulheres podem ter alguns sintomas leves, enquanto que outras podem apresentar sintomas mais graves. Estes sintomas têm início geralmente na adolescência, mas a maioria de nós nem sequer pensa que isso pode querer dizer alguma coisa.

Sintomas

• Ciclos menstruais irregulares
• Ovulação irregular ou ausência total de ovulação
• Excesso de pêlos corporais (hirsutismo)
• Queda de cabelo habitualmente na zona temporal
• Acne
• Hipertensão arterial
• Alteração do metabolismo da glicose
• Alterações no humor

A minha história com a Síndrome dos Ovários Poliquísticos

Tal como a maioria das mulheres, descobri ter SOP depois de alguns meses sem sucesso a tentar engravidar de forma natural. Sempre sonhei ser mãe minimamente cedo e o facto de começar a ver o tempo a passar e nada acontecer fez-me procurar ajuda e ir a uma consulta de ginecologia.

Foi então no início de 2021 que fui a uma consulta na Clinica de Santo António, na Reboleira (Lisboa). O médico mandou-me fazer várias análises para ver se estava tudo bem e fez-me uma ecografia intra uterina logo nas primeiras consultas em que viu logo o problema. Tinha vários folículos nos ovários, ou seja, vários quistos que se formaram porque como não chegava a ovular, o óvulo que era libertado tornava-se imediatamente num pequeno quisto (mais conhecido por folículo em termos médicos).

A visão dos meus ovários era mais ou menos como na imagem abaixo:

Atenção: é muito importante ter consultas regulares (pelo menos uma vez por ano) com um ginecologia.

Eu confesso que não costumava ir ao ginecologista e possivelmente por isso nunca soube ter a síndrome dos ovários poliquísticos mais cedo. Certamente se soubesse mais cedo, talvez conseguiria lidar com as coisas de outra forma e poderia ter começado a tratar da síndrome mais cedo. Se bem que é algo que não tem cura, mas existem algumas pequenas coisas que podemos fazer que poderão ajudar. Nomeadamente, ter atenção à alimentação, praticar exercício físico, uso de uma pílula especifica para quem tem SOP, etc.

Esta questão de ter um estilo de vida saudável sempre fez parte da minha vida e no meu caso não precisei alterar nada nesse aspecto. O médico na altura disse-me que como tinha um peso/IMC normal, essa não seria uma questão. Isto porque quando a mulher tem excesso de peso, só o facto de perder peso e fazer algumas alterações no seu estilo de vida é o suficiente para fintar a SOP e conseguir engravidar naturalmente sem qualquer tratamento. O que não foi o meu caso.

No meu caso, fui mesmo obrigada a fazer indução de ovulação e mesmo assim não foi pera doce.

Da descoberta do problema até começar o tratamento

Apesar de já estar a tomar Ácido Fólico desde o momento que decidimos começar a tentar, só quando fiz um ano de tentativas é que o ginecologista me aconselhou ao tratamento com indução de ovulação. Isto porque percebeu-se claramente que ou não ovulava ou quando havia uma tentativa disso, o óvulo que era libertado simplesmente formava um quisto e nada feito.

Passei meses sem menstruar, nunca sabia quando poderia estar fértil. Fiz vários testes de ovulação de farmácia na tentativa de apanhar os dias férteis e nada feito. Quando menstruava ficava com esperança que era naquele mês. Tínhamos relações dia sim dia não ou dia sim dia sim. Era uma loucura e um exagero. Uma pessoa entra numa bolha tão grande que acaba por já não saber o que fazer.

Quanto tempo demorei a engravidar?

Esta é talvez das questões que mais vezes me fazem, mas muito resumidamente antes de passar a contar-vos o processo de tentar engravidar, demorei sensivelmente um ano e meio a conseguir o meu positivo. Muitos podem até achar pouco tempo, mas para quem está neste processo de tentante com meses a fio a ver testes negativos não é assim tão simples.

Ficamos meio doidas e com medo de não conseguirmos ser mães. Inclusive chegamos ao ponto de pensar muita asneira, como se não valêssemos nada caso não o consigamos. Mas isso é só algo parvo de pensar. Mas passemos então ao processo de tratamento que me ajudou a engravidar.

O tratamento para engravidar

O primeiro ciclo com indução de ovulação correu mal

Sim, logo no primeiro mês de tentativa com a indução de ovulação fui obrigada a parar por um mês. Devido à estimulação que o meu corpo recebeu naquele ciclo, um dos quistos que tinha nos ovários rebentou. Andava com imensas dores que nunca tinha tido e literalmente obriguei o médico a ver-me porque sabia que algo não estava bem. Foi aí que se percebeu. Tinha-me rebentado um quisto, estava com uma hemorragia interna e por 1 milímetro não tive de ir ao bloco com o risco de ficar sem um ovário.

Tive medo. Apanhei um susto valente e deixei a indução por um mês para o meu corpo recuperar.

Entretanto, como estava a ver que este médico em questão parecia não estar assim tão interessado em ajudar-me, pois se eu não o chateasse para me ver iria continuar com a indução de ovulação e correria um grande risco, decidi procurar um profissional que tivesse especialização em infertilidade.

Foi então que encontrei a Dra. Madalena Barata, uma ginecologista especializada em infertilidade que dá consultas no Hospital Cuf de Cascais. Esta sim foi talvez a minha ‘salvação’. Deu uma volta ao que andava a tomar até então, que por acaso sentia que me desregulava mais do que já seria normal.

Mas bem, assim que contei à Dra. o que se passava e o facto de ter Síndrome dos Ovários Poliquísticos ela disse-me logo “deixa esse suplemento que te deram que não te está a fazer nada e toma este. Este vai-te ajudar e é o que aconselho sempre. Vamos fazer algumas análises e depois vemos”. 

A verdade é que comecei a tomar o suplemento que a médica me indicou, nomeadamente o Inocare, e depois de um mês e pouco a tomar e com a indução de ovulação em conjunto, finalmente consegui o meu sonhado positivo!

• O que é o Inocare?

É uma formulação desenvolvida com Myo-Inositol, D-Chiro-Inositol, Quatrefolic, Zinco e outros micronutrientes especificamente estudados na regulação hormonal feminina, irregularidades menstruais, excesso de androgénios, no suporte e regulação da ovulação, fertilidade e reprodução feminina. 

É possível engravidar com a Síndrome dos Ovários Poliquísticos?

Sim é possível engravidar com SOP, mas muitas vezes não é assim tão fácil. Embora não tenha cura, é possível gerir os sintomas da síndrome dos ovários poliquísticos e com isso conseguir engravidar naturalmente. No entanto, grande parte das vezes é necessário recorrer a algum tipo de tratamento, quer seja indução de ovulação, infiltração in-vitro, entre outros.

A verdade é que cada caso é um caso e é importante ir ao médico ainda antes de começar a tentar engravidar para se ter a certeza que está tudo bem. E, caso não esteja, ver a melhor forma de solucionar.

Nota: não estás sozinha!

Caso tenhas de fazer algum tratamento não te sintas menos por isso. Há muitas mulheres com dificuldades em engravidar, não és só tu, não fui só eu. E atenção, muitas vezes o problema até é do parceiro, por isso é importante ambos fazerem exames.

Lembra-te também que, se estás nesta fase de tentar engravidar e não está a ser fácil lidar, procura ajuda. Fala com quem já passou pelo mesmo (podes falar comigo se quiseres), procura um psicólogo, desabafa com o teu parceiro, amigo ou familiar de maior confiança. Não guardes esse sufoco para ti e acredita, logo logo vais ter o teu sonhado positivo nas mãos.